Crítica sobre o Espetáculo “Sistema SubUrbia” sob direção de Lucienne Guedes
CRÍTICA ESPETÁCULO "SISTEMA SUBURBIA" IX ETU
Por Nathan
9/4/20253 min read
O espetáculo começa de uma maneira diferente: plateia não mais sentada nas arquibancadas propostas mas sim no espaço que supostamente seria para a cena , comumente falando da caixa preta de teatro. Isso, apesar de desconfortável para aqueles sentados no chão devido sua duração, mostra um aspecto da obra sobre como a apresentação irá se desenrolar: os atuantes também estarão assistindo a si mesmos, narrando e questionando sobre o trabalho artístico teatral que eles estão fazendo.
Logo de começo, com a abertura com uma coreografia musical, a iluminação teve um trabalho excepcional durante a apresentação, para trabalhar os momentos que a apresentação vinha com comentários sobre os próprios atuantes de uma outra peça, no espetáculo também retratado. Cenas com as luzes gerais para os momentos que haviam as exposição de problemas dos atuantes, e luzes específicas para os momentos que as cenas da peça aconteciam; foram essenciais para fazer acontecer as diferentes cenas no espaço da (e próximo) da arquibancada. E o diálogo com os atores, provou ser parte principal da quebra do acordo com os espectadores entre a realidade, e a conversação sobre questões vividas dos atuantes durante o trabalho artístico, e a realidade da obra retratada pelas personagens.
Fotografia de @dassahwengler
Fotografias de @dassahwengler
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Fotografias de @dassahwengler


Sobre a obra, ela ficou como pano de fundo para os trabalhos e questionamentos que os atuantes têm sobre seus próprios personagens. A história que tem como dramaturgia principal “SubUrbia” de Eric Bogosian é interpenetrada pela própria pesquisa dos atores ao usar essa obra com várias cenas violentas e devastadoras; e os atores escolheram narrar elas pelo próprio questionamento sobre o que é necessário ou não para a composição da cena. Violências como racismo e xenofobia são postos em questão pelos atores e retrabalhados na energia viva e de grupo que o coletivo nos mostra.
Acho que um dos processos mais importante em cada peça (que raramente é mostrado ao espectador) é o preparo para entrar em apresentação e sua saída também. O grupo mostra para a gente a cumplicidade entre eles e a força logo nas primeiras cenas que traz sobre o que o trabalho teatral vai na contramão do individualismo que as personagens debatem na sua própria existência na cidade de subúrbio e na sua compreensão sobre sucesso ou falha na vida. Porém esse questionamento dos personagens é posto de lado pelo debate que faz conexão com as pessoas do Brasil, em especial os jovens brasileiros fazendo teatro. Dito isso, pergunto sobre a própria execução da dramaturgia estadunidense, incentivo inicial pela direção e orientação no começo do projeto, ser transformada e, se interessante para a pesquisa do grupo, ser construída sua própria contação de suas histórias. Isso, tendo em mente que estão questionando sobre questões universais que a dramaturgia inicial não comporta mais em seu esqueleto preenchido pela obra, acho essencial essa percepção sobre a obra.
Por fim, coloco em destaque os diversos momentos de divertimento do grupo, do começo ao final da apresentação, que reverberou em não deixar a plateia parada sobre o questionamento do que poderia acontecer e o que não poderia. Tudo está lá.